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Jovem diz que 'bebê reborn' está com muita dor e pede a motorista de app para ir mais rápido para UPA

Publicado em 28/05/2025, às 17h12
Imagem meramente ilustrativa - Reprodução
Imagem meramente ilustrativa - Reprodução

Por Folhapress

Uma mulher de 25 anos buscou atendimento médico para sua boneca do tipo "bebê reborn" em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Guanambi, uma cidade com menos de 90 mil habitantes no interior da Bahia. O "bebê reborn" é um boneco hiper-realista que simula com detalhes as características físicas de recém-nascidos.

O episódio, relatado pela prefeitura de Guanambi, ocorreu no último dia 18. A reportagem não conseguiu contato com a jovem nem com familiares dela.

Segundo nota da prefeitura, a jovem utilizou um aplicativo de transporte para chegar até a UPA e, quando descia do carro, foi reconhecida por uma senhora que tinha acabado de receber atendimento médico. A senhora, ex-vizinha da família da jovem, notou que ela carregava um bebê de borracha e evitou que ela entrasse na UPA.

"A senhora e mais um paciente que estava de saída da unidade orientaram a jovem e o motorista a voltar para casa", diz a prefeitura. A UPA funciona 24h e atende uma média de 200 pessoas por dia.

O caso foi comunicado à direção da UPA e a prefeitura também manteve contato com as pessoas envolvidas no episódio. Os nomes delas não foram divulgados.

O motorista de aplicativo disse que, durante o trajeto até a unidade, a jovem relatou que o bebê estava sentindo "muita dor" e pediu para "ir mais rápido".

Já a senhora também relatou à prefeitura que conhece a família da jovem e que ela sofreria de depressão. Segundo a istração, familiares disseram que buscam ajuda profissional para a jovem.

Ela teria comprado a boneca na internet por R$ 2.800 no mês anterior. A boneca hiper-realista, cujo preço pode chegar a R$ 10 mil no Brasil, ganhou espaço nas redes sociais nas últimas semanas.

Em vídeos que circulam na internet, mulheres aparecem cuidando de seus "bebês reborn", trocando roupinhas, dando mamadeira, levando para ear. Apesar do caso, reportagem da Folha mostrou que a maioria das compradoras dos bonecos são crianças, segundo as lojas que os vendem.

De acordo com a psicóloga Samarah Perszel de Freitas, doutora em Educação e professora de Psicologia da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), a compra de um "bebê reborn" não é um problema em si, mas a dificuldade em distinguir fantasia e realidade pode indicar uma questão de saúde mental que precisa ser olhada com cuidado.

"Culturalmente, isso faz parte. É só a gente lembrar da onda do Tamagotchi ou das coleções de bonecas no Japão. Mas, quando acontecem casos assim, como na Bahia, aí outras situações podem estar envolvidas, e podem indicar diferentes tipos de transtornos mentais", diz a professora.

Segundo ela, comportamentos assim não devem ser ignorados. "A gente não sabe exatamente o que aconteceu, mas, quando ela leva o boneco para a UPA, isso mostra uma dificuldade de regulação emocional importante. Outra hipótese é uma busca de acolhimento. Então precisamos entender a dor e o sofrimento por trás do ato, porque ela pode estar pedindo ajuda, pedindo ajuda de outro jeito", afirma a psicóloga.

"Infelizmente há preconceito em relação à saúde mental. Quando você tem uma dor física e procura uma UPA, você é atendido. E nem sempre a dor mental é recebida assim", acrescenta ela.

Na onda dos "bebês reborn", parlamentares correram para apresentar projetos de lei que tratam do assunto - em âmbito municipal, estadual e federal.

Um deles, de autoria da deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP), dispõe sobre diretrizes para o acolhimento psicossocial no âmbito do SUS de "pessoas que desenvolvam vínculos afetivos intensos e potencialmente disfuncionais com objetos de representação humana".

"Embora concebidos originalmente como peças artísticas e, em determinados contextos, empregados com fins terapêuticos legítimos, esses objetos têm sido progressivamente incorporados a dinâmicas afetivas complexas, muitas vezes associadas a situações de luto, perdas relacionais, carências emocionais severas ou isolamento social", diz a deputada, na justificativa do projeto.

"Em determinados casos, a intensificação do vínculo pode representar mais do que uma expressão inofensiva de afeto: pode configurar indício de sofrimento psíquico relevante, com risco de agravamento para quadros de depressão, dissociação, retraimento social e até ideação suicida", continua a deputada.

A proposta foi protocolada na Câmara dos Deputados na semana ada.

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