A tragédia com o ônibus que matou 20 pessoas na Serra da Barriga, em União dos Palmares, completou seis meses no último sábado (24). O veículo caiu de uma ribanceira de 400 metros, deixando vítimas entre 5 e 84 anos, que se dirigiam ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
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O inquérito da Polícia Civil apresentou um relatório sobre a dinâmica do acidente, mas não identificou os responsáveis. Enquanto isso, o sofrimento de sobreviventes e familiares persiste.
"É difícil distinguir o que é realidade e ilusão"
A dor da perda ainda é cotidiana para Bárbara Almeida, mãe de Maitê, de apenas cinco anos, uma das vítimas fatais. Ela descreve como a ausência da filha ainda é difícil de assimilar.
Hoje, não faz sentido. Às vezes, quero chamar a minha filha, como se estivesse aqui, dormindo. Às vezes, vou para casa da minha mãe querendo chamar ela, como se estivesse brincando com os primos. Mas é tudo uma ilusão. É difícil distinguir o que é realidade e ilusão.
Entre os sobreviventes, muitos ainda enfrentam uma longa jornada de recuperação física e emocional. É o caso de Júlio César Amaral, de 19 anos, que perdeu amigos no acidente e teve múltiplas fraturas.
“Quebrou a bacia, costela e fíbula. Teve rompimento dos tendões do joelho e ainda vai ar por uma nova cirurgia. Além das lesões físicas, o abalo emocional é enorme. Era um rapaz ativo, que trabalhava todos os dias, e hoje está totalmente dependente", relatou a mãe de Júlio César.
Já Débora Francine vive as limitações físicas após o acidente. Ela estava com a filha Íris, de apenas um ano e seis meses, no momento da tragédia. A criança teve apenas ferimentos leves, mas a mãe ainda depende de um andador para se locomover.
Não consigo andar direito, só com andador. Eu consigo fazer coisas por mim, mas, para a minha filha, não consigo. É muito difícil querer fazer coisas para a filha, se sentir útil e não conseguir.
Ônibus ainda não foi removido
O acidente aconteceu em 24 de novembro de 2024. O ônibus envolvido, cedido pela Prefeitura de União dos Palmares, levava 48 pessoas. Mesmo após mais de 180 dias, o veículo ainda permanece no local da queda.
Uma segunda perícia no coletivo foi solicitada, mas não pôde ser realizada por questões de segurança. Segundo o perito Marcelo Velez, o local onde o ônibus está representa risco de uma nova tragédia.
Foi constatado que não poderia ser realizada uma segunda perícia nas partes mecânicas do veículo se não poderia ter uma tragédia. A Polícia Científica vai resolver essa situação tão logo [o veículo] seja içado", explicou.
Assista à reportagem especial da TV Pajuçara:
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